A China, maior compradora de oleaginosas do mundo, importou um volume recorde de soja nos dois primeiros meses do ano, com os compradores fazendo estoques em antecipação à demanda saudável e por preocupações com o atraso na colheita no Brasil.
As importações de janeiro e fevereiro atingiram 16,17 milhões de toneladas, mostraram dados alfandegários na terça-feira, alta de 16,1% em relação ao ano anterior. O volume para os dois meses combinados é o maior desde pelo menos 2008, segundo registros da Reuters sobre dados alfandegários.
A Administração Geral de Alfândega da China combina dados dos dois primeiros meses do ano para suavizar as distorções causadas pelo feriado de uma semana do Ano Novo Lunar, que caiu este ano no final de janeiro.
A China importou volumes muito menores de soja nas décadas anteriores, tornando improvável que as importações antes de 2008 fossem maiores do que o nível deste ano.
As importações foram maiores do que o esperado e seguiram compras fracas durante grande parte de 2022, apesar de um aumento em dezembro.
As importações de fevereiro provavelmente subiram porque os processadores, preocupados com uma colheita atrasada no Brasil, principal fornecedor, correram para garantir mais soja do segundo principal fornecedor, os Estados Unidos, disse Rosa Wang, analista da Shanghai JC Intelligence.
As vendas combinadas de soja no Brasil em janeiro e fevereiro caíram 31% em relação ao ano anterior, para cerca de 6 milhões de toneladas, disse a consultoria AgRural na semana passada.
A expectativa é de um aumento neste ano da demanda de carne da China e, portanto, do farelo de soja, ingrediente de ração animal, depois que Pequim abandonou medidas estritas de zero-Covid no final de 2022.
Os grandes volumes pressionaram os preços do farelo de soja, disseram traders, com o contrato futuro de farelo de soja mais ativo na Dalian Commodity Exchange caindo quase 5% em fevereiro.
As chegadas em março, no entanto, devem cair porque o Brasil ainda está atrasado nos embarques, disse Wang.
Fonte: Reuters